quarta-feira, 4 de julho de 2012

A bancada dos desistentes.

Há muito tempo que penso em escrever sobre este assunto mas, ainda bem que fui adiando porque, agora, sim, parece-me a altura exacta.
Esta semana conheci uma pessoa, conheci, salvo seja, conversámos o tempo que deu enquanto estive em casa, num dia normal de trabalho. Conheci essa pessoa no dia em que estava de partida e eu tinha acabado de chegar a esta casa.
Os olhos dela transbordavam tristeza, desânimo, decepção. Não sei bem quanto tempo esteve aqui a morar em Bristol, sei que morou nesta casa 1 mês e anteriormente morou em duas casas de família. Trabalhava num restaurante, por vezes das 10h até às 2h. Sim, mais de 12 horas.
As coisas não foram fáceis desde a sua chegada até ao penúltimo dia (o último valeu a pena, foi o que afirmou) e foi desanimando. Comprou a viagem de volta para casa e partiu ontem. As razões que levaram essa pessoa a vir numa aventura para o U.K. foram precisamente as mesmas que as minhas:
-Desânimo com a vida que levava;
-Fugir da rotina que tinha;
-Melhorar o inglês;
-A crise no seu país foi uma desculpa ou uma rampa de lançamento para, finalmente partir na aventura.
Como eu compreendo cada palavra...
Para quem não percebeu, neste texto fala-se de desistência.
Essa pessoa foi embora com a ideia de que não conquistou nada, que tudo foi uma derrota, tempo perdido. Mas não foi!
E foi isso que tentei dizer-lhe antes de partir: Por mais que muita coisa tenha corrido da pior maneira, toda a chuva que apanhou depois de um dia inteiro de trabalho, todas as palavras que ficaram por aprender, o dinheiro que não conseguiu ganhar... esta aventura ficará para a vida!
Eu estipulei 6 meses para a minha aventura. Depois dos 6 meses, à partida iria embora. Comemorei 5 meses há 2 dias atrás e, mesmo não tendo chegado aos 6, tenho o meu principal objectivo cumprido: Eu testei os meus limites, eu percebi que sou mais forte do que sempre julguei e percebi que sou capaz de muito e muito mais. E, por ser capaz de muito e muito mais é que vou cá continuar. Não me perguntem quanto tempo. Será até eu acordar e dizer a mim mesma que está na hora de regressar.
A todos os que tentaram uma vida melhor, aqui, na China, Brasil, Japão, Nicarágua... que foram até ao fim do mundo tentar conquistar os seus sonhos, a todos que regressaram a casa antes do planeado, lembrem-se: Cada hora que passou foi uma hora de experiência, uma hora ganha fora da nossa zona de conforto, longe dos que amamos, do calor do nosso lar.
Aqui não há desistentes. Tentaram e foram até onde conseguiram chegar, até onde as condições vos permitiriam ir.
A partir do primeiro minuto é uma absoluta vitória.

Este texto é para ti.
Um beijo com milhares de quilómetros.





5 comentários:

  1. Excelente post, Grande Leoa =)

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  2. Obrigada. Foi escrito a pensar em todos aqueles que pensam que são fracos mas que, na realidade, não o são. Não mesmo.

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  3. Gostei muito. Se todas as pessoas que estão a pensar desistir lessem o teu texto, se calhar mudam de ideias. Beijinho

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